Coimbra

Já diz o famoso fado "Coimbra tem mais encanto na hora da despedida". A verdade é que, actualmente, isso não é verdade. Deve ser sim linda a sensação de que se acabou um curso e que, finalmente, se vai fazer aquilo que se gosta. Neste momento, recém acabado o 1º ano, não tem graça nenhuma deixar a cidade que me acolheu durante 9 vezes. Os 9 meses mais inesquecíveis da minha vida. Tenho inveja dos caloiros que virão em Setembro parar às minhas mãos, porque eles ainda vão chegar. Já sinto o peso da responsabilidade, porque sei que aprendi bem o orgulho de estudar em Coimbra, e quero passar-lhe tudo o que aprendi. Quero ouvi-los a gritar por Biologia, por Coimbra. Quero ouvi-los a cantar as baladas das tunas. Quero vê-los de olhos no chão em sinal de respeito. Quero ouvi-los chamar-me Doutora. Quero vê-los de 4, porque quero que aprendam a merecer Capa e Batina. Quero que se divirtam, acima de tudo, e que amem a cidade que foi feita para eles. Quero que vivam o que eu vivi e que respirem o espírito académicos que se vive naquela cidade.

Coimbra já não tem o prestígio que tinha, infelizmente. Já não tem o bom nome que tinha, porque actualmente as pessoas pensam na queima como Sexo, Álcool e Drogas. Mas não, a Queima das Fitas de Coimbra é a festa de despedida daqueles que deram anos à academia e que merecem uma grandiosa festa de despedida. Existem coisas que, por muito que as pessoas falem, não compreendem. Quem consegue explicar o que se sente quando nos é traçada a capa a primeira vez? Quem consegue explicar a sensação de ouvir a primeira corda da Serenata Monumental? Quem consegue explicar o que é fazer o primeiro FRA e erguer a capa lá bem alto? Não consegue! É uma coisa que simplesmente se vive, se sente. Não se explica. 

Coimbra tem aquilo que as outras cidades gostavam de ter: história, tradição, espírito de união, espírito académico. Pode não ter o Metro como Lisboa, ou os edifícios antigos do Porto. Pode não ter a juventude da Covilhã ou as muralhas de Évora. Mas tem-nos a nós, estudantes, que a amamos mais do que a qualquer outra cidade. Tem-nos a nós, estudantes que fazemos dela a verdadeira Coimbra que ela é... Te-nos a nós que a respeitamos, que a honramos. Todos nós já cometemos loucuras naquela cidade. Já fizemos coisas boas e coisas más. Já usámos e abusámos da liberdade de ser estudante universitário. Já vivemos momentos que nunca pensámos viver. Mas se perguntar-mos a cada estudante a sensação que é abandonar aquela cidade, ninguém consegue explicar. 

Coimbra tem uma coisa que as outras cidades não têm: pessoas que cada vez que chega o final do anos choram porque têm de se vir embora. Pessoas que respiram o misticismo daquela cidade. Pessoas que a amam tal como Pedro amou Inês! 

Resta-me agradeceu ao grande D.Dinis, que com a sua sede de cultura criou aquela que é hoje a minha universidade, e a minha maior paixão! A Coimbra, à Universidade, a Biologia! Amo-vos! 

Até Setembro...