Cheguei no sábado ao final da tarde já com o peito a transbordar de saudade desta Terra com T grande. Vim com o coração cheio de esperança de que esta semaninha aqui me ajude a acalmar o espírito e que as páginas e páginas de livros que aqui vou ler me ajudem a realizar o sonho. Cheguei esgotada de cansaço mas ainda tive forças para ir respirar o ar carregado de sal e ouvir o som das ligeiras ondas e do farol em sinal de alerta. Jantei sem fome alguma porque este ar de praia incita-me a fazer uma dieta. Mesmo já sem poder em mim pedi para ir à feira... porque precisava de ver pessoas. Pessoas que não vejo todos os dias. Pessoas que por uma razão ou outra quiseram ir à feira também. À feira de São Martinho do Porto. Quando encostei a cara na almofada, esbocei um leve sorriso antes de cair na terra dos sonhos. Acordei completamente nova e cheia de vontade de começar: começar a época de exames, começar a dieta, começar a construir o sonho. Respirei fundo para embalar a coragem e, por dentadas na torrada, fui tirando de dentro da mochila os livros de biologia e geologia. Montei o meu escritório inventado à pressão e comecei a desfolhar páginas e a relembrar cada momento passado enquanto o professor Carlos Lopes explicava como é que os seres autotróficos fazem a fotossíntese. Ou como é que o ciclo das rochas pode ser tão importante no estudo da dinâmica interna da Terra. Mentalizei-me durante dois dias de que era agora ou nunca. Era agora que tinha de trabalhar a sério para conseguir aquilo que quero. E se não conseguir chegar à meta, vai ser por muito pouco... porque vou trabalhar para isso.
Hoje fui à praia durante apenas 30 minutos, mas foi tempo suficiente para me refrescar e fazer um intervalo. Foi tempo suficiente para voltar a perceber que esta Terra me faz bem. Que me incentiva a fazer coisas que normalmente me custam. Amanhã chega outra apaixonada por São Martinho: a Maria Palma.
Vir para São Martinho foi uma decisão tomada de ânimo leve. Com ela, ficou a promessa de deixar a paixão para trás. Arrumá-la na gaveta e só a retirar em Julho, depois dos exames. Sei que esta foi a decisão mais acertada porque distracções já eu tenho de sobra e neste momento não ajudam em nada. No coração só trouxe a enorme vontade de realizar o sonho, a paixão por São Martinho e as saudades de Coimbra e das minhas pessoas de lá.
Hoje, ao molhar os pés na água morna (juro que estava morna!) inspirei coragem e força e senti um vento na cara que me disse ao ouvido: "O destino é desenhado em linha recta para que possamos fazer desvios!" e que me fez pensar que o desvio que fiz por Biologia me fez viver os melhores momentos da minha vida. E percebi, mais uma vez, que antes de Torres Novas e de Coimbra, São Martinho do Porto é a minha Terra. O meu Lugar Cantado onde "tudo faz sentido, mesmo sem ti!".
Boa sorte e muita coragem para todos os que já começaram ou vão começar a época de exames!
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